Sobre o
Projeto Albatroz

Aulas abordaram questões como importância da biodiversidade, tecnologia pesqueira, gestão e legislações voltadas à pesca

No litoral de Santa Catarina está localizado um dos maiores portos de pesca industrial do Brasil. A pesca é reconhecida globalmente como uma das principais ameaças à sobrevivência de albatrozes e petréis em alto-mar. Para capacitar os futuros técnicos em recursos pesqueiros da região sobre a importância de conservação dessas aves, técnicos do Projeto Albatroz ministraram, em março, aulas especiais para o Curso Técnico Integrado de Recursos Pesqueiros do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), em Itajaí (SC).

No total, mais de 60 alunos, com idades entre 14 e 16 anos, e cinco professores acompanharam aulas virtuais nas disciplinas de ‘Introdução aos Recursos Pesqueiros’ , ‘Tecnologia Pesqueira’ e ‘Gestão e Legislação Pesqueira’. O conteúdo das aulas ensinou os jovens a reconhecer as principais características das aves marinhas, seu habitat e as principais medidas mitigadoras da captura de aves em pescarias de espinhel pelágico - usado na pesca industrial de atum e outros peixes.

A problemática da captura incidental também fez parte do conteúdo das aulas, a fim de que os futuros técnicos em recursos pesqueiros possam conhecer o desafio da conservação do grupo de aves mais ameaçadas do mundo, a importância da biodiversidade para o oceano e também o impacto dos lixos plásticos e outros acessórios usados na pesca para segurança dos animais marinhos.

Toriline e tecnologias pesqueiras

Os técnicos do Projeto Albatroz Dr. Dimas Gianuca e Augusto Costa foram os professores responsáveis por traduzir o conhecimento científico e experiências em monitoramento a bordo de barcos de pesca para informações didáticas. 

Eles apresentaram aos alunos o conceito das tecnologias pesqueiras voltadas à mitigação da captura incidental e ensinaram sobre a importância de duas delas para manter a produtividade da pesca enquanto protege as aves marinhas: o toriline e o hookpod. O primeiro trata-se de uma linha com fitas coloridas de mais de cem metros de comprimento, e funciona como um espantalho para os albatrozes e petréis, afastando-os dos anzóis enquanto afundam no mar.

Já o segundo é uma espécie de cápsula que mantém a fisga do anzol protegida enquanto este submerge e só o libera após dez metros de profundidade - profundidade segura para as aves, uma vez que não são capazes de mergulhar tão fundo em busca das iscas.

Na opinião do técnico do Projeto Albatroz em Itajaí (SC), Augusto Costa, é preciso conhecer para proteger. Por viverem tão longe da costa, os albatrozes e petréis muitas vezes são desconhecidos do público. “É importante que os novos técnicos em recursos pesqueiros já cheguem ao mercado de trabalho com a consciência de que as aves são parte importante da pesca e, assim como os pescadores, estes profissionais são nossos parceiros para a implementação de medidas que reduzam significativamente a captura incidental dos albatrozes e petréis”.

E complementa: “Nosso objetivo é envolver os alunos do IFSC em estágios, em atividades práticas para que conheçam nosso trabalho junto aos pescadores e também continuar oferecendo aulas para construir o conhecimento no decorrer do curso”.

Parceria com o IFSC

Desde o ano passado, o Projeto Albatroz estabeleceu uma nova base avançada nas dependências do Campus de Itajaí (SC) do IFSC através de uma parceria com a instituição de ensino. 

O Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, é convidado pela instituição para ministrar aulas sobre biologia e conservação de aves marinhas, uso e também a confecção de medidas mitigadoras para alunos do curso de pescador profissional - necessário para aqueles que têm o objetivo de obter a licença para trabalhar no mar.