Saiba o que é telemetria e como esta tecnologia pode contribuir para a conservação de albatrozes e petréis
Técnica coleta dados sobre localização e deslocamento das aves para ajudar a desenvolver estratégias de conservação ao redor do mundo
Albatrozes e petréis fazem parte de um dos grupos de aves mais ameaçadas do planeta. Porém, estudá-los e monitorá-los não é uma tarefa fácil, uma vez que passam a maior parte da vida em alto-mar e só retornam para a terra firme durante o período de reprodução, o que pode acontecer em intervalos de cerca de dois anos. Por este motivo, algumas tecnologias ajudam os pesquisadores a entender melhor a distribuição e as trajetórias percorridas pelas aves marinhas para desenvolver estratégias de conservação mais assertivas. Uma delas é a telemetria, que usa dados de rastreadores para traçar os caminhos percorridos por essas aves.
Dados são recursos valiosos para os estudos científicos que subsidiam estratégias de conservação em nível nacional e internacional. Isso porque, ao verificar a distribuição espacial de albatrozes e petréis de diversas idades, distância de voo percorrida por dia e seu padrão de deslocamento, é possível sobrepor estes dados ao de captura de aves, ou de potenciais ameaças e entender quais são as áreas mais críticas. Com este entendimento, podem ser traçados planos de ação e estratégias de conservação específicas, com maiores chances de sucesso.
O Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, enquanto integrante e colaborador de acordos como o Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (Planacap) e Acordo para a Conservação de Albatrozes e Petréis (ACAP), entre outros, utiliza dados colhidos via telemetria para a produção de pesquisas científicas. Além disso, conta com o apoio de observadores de bordo que fazem o registro dessas aves em barcos de pesca de espinhel parceiros na frota brasileira.
“Albatrozes e petréis são aves marinhas capazes de dar a volta ao mundo e, por isso, nosso esforço de pesquisa e monitoramento precisa ser global. O uso de dispositivos de rastreamento por pesquisadores internacionais nos fornece informações relevantes sobre espécies que se alimentam em águas brasileiras e interagem com a pesca nacional, permitindo estudos mais detalhados. Estas informações são especialmente importantes para os indivíduos jovens, menos estudados com esta tecnologia. Na juventude, os animais podem passar até dez anos sem retornar à terra firme, quando atingem a maturidade sexual, o que dificulta a captura e rastreamento. Além disso, as capturas incidentais de indivíduos imaturos por pescarias são mais frequentes, o que reforça a importância destes dados”, explica o gerente de pesquisa científica do Projeto Albatroz, Caio Marques.
A relevância do uso da telemetria para a produção de pesquisas científicas para a conservação de espécies marinhas no Brasil foi tema de uma palestra virtual ministrada pela equipe do Projeto Albatroz para a gerência de Responsabilidade Social da Petrobras em outubro, com a participação dos projetos Meros do Brasil, Tamar, Viva o Peixe-Boi Marinho e Projeto de Monitoramento de Cetáceos da Bacia de Santos.
Rastreadores de diversos modelos
Para conseguir coletar os dados necessários para os estudos, os pesquisadores utilizam pequenos dispositivos que são presos às aves e transmitem as informações para bancos de dados. Os animais podem ser rastreados em colônias, o que fica restrito a adultos, uma vez que os jovens só visitam as ilhas após atingirem a maturidade sexual; ou podem ser rastreados a partir da captura das aves em cruzeiros científicos ou por observadores a bordo de embarcações de pesca.
Os rastreadores são pequenos e precisam ser leves para não prejudicarem o voo ou a locomoção das aves, o ideal é que seu peso corresponda a até 3% do peso corporal do animal. Os dispositivos de localização podem ser presos de diversas formas: nos tornozelos, lembrando uma anilha; nas penas, por meio de fita adesiva especial; ou pelo uso de ‘mochilinhas’, que consistem em uma estrutura que envolve o corpo da ave e permite que o transmissor não se perca com a troca de penas.
“Escolher um método de colocação dos rastreadores e o tipo de dispositivo certo é fundamental para a aquisição de bons dados. Para juvenis, o ideal é que sejam usados dispositivos que façam a transmissão de dados via satélite, uma vez que não retornam com frequência as colônias de reprodução, e recapturá-los no mar é totalmente inviável. Isso garante que as informações não se percam com a morte do indivíduo ou desprendimento do dispositivo, que pode custar mais de mil dólares”, ressalta o biólogo doutorando em Oceanografia Biológica pela FURG e pesquisador Gabriel Canani, colaborador do Projeto Albatroz.
Bancos de dados disponíveis
Atualmente, o Projeto Albatroz utiliza como base para suas pesquisas científicas o Seabird Tracking Database da BirdLife International, um dos bancos de dados sobre albatrozes e petréis mais completos do mundo.
Nele, as informações podem ser pesquisadas e visualizadas diretamente no site, mas o acesso real aos dados de rastreamento somente é permitido mediante autorização. Este banco de dados é colaborativo e, para inserir novas informações é necessário coletá-las conforme o padrão estabelecido pelo BirdLife. Saiba mais sobre o Seabird Tracking Database aqui.
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